A mineração de criptomoedas tornou-se um setor economicamente significativo, capaz de influenciar políticas energéticas e estratégias industriais em escala global.
Um relatório recente publicado pela ApeX Protocol, uma plataforma de troca de criptomoedas descentralizada, analisou os principais países neste setor, avaliando não apenas a quantidade de criptomoeda produzida, mas também a eficiência energética e o impacto nas respetivas redes elétricas nacionais.
A análise baseou-se em quatro parâmetros-chave: a participação mensal na taxa de hash (ou seja, a percentagem de cálculos de mineração realizados por cada país), o poder de computação absoluto, a eficiência do uso de energia e o grau de pressão exercido sobre as infraestruturas elétricas nacionais.
Cada país foi avaliado com uma pontuação de 0 a 100, recompensando aqueles que conseguem produzir grandes quantidades de criptomoeda sem comprometer a estabilidade da sua rede elétrica.
A China reafirma a sua posição como líder global na produção de criptomoedas, detendo uma participação de 21,1% na taxa de hash global.
Os dados mais surpreendentes, no entanto, dizem respeito ao consumo de energia: apenas 0,33% da capacidade elétrica nacional é alocada à mineração, o que representa apenas 0,75% da produção total de energia (totalizando 9.456 Terawatt-horas, o valor mais alto entre os países analisados).
Isto significa que a China ainda tem amplo espaço para crescimento no setor, sendo capaz de aumentar a produção de criptomoedas sem arriscar sobrecarregar a sua rede elétrica.
A capacidade da China de manter um equilíbrio entre a produção de criptomoedas e a estabilidade energética torna-a um modelo de referência.
De acordo com o relatório da ApeX Protocol, o país poderia aumentar ainda mais a sua atividade de mineração sem impactos negativos no sistema elétrico nacional.
Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar, mas é o país com a maior capacidade operacional no setor: detém 37,84% da taxa de hash mensal global, gerindo mais de um terço das operações de mineração mundiais. No entanto, esta liderança implica um custo energético mais elevado em comparação com a China.
A mineração nos Estados Unidos utiliza 1,27% da capacidade elétrica nacional e 2,82% da produção total de energia (4.494 TWH).
Estes números destacam uma pressão significativa sobre a infraestrutura, indicando a necessidade de estratégias de gestão de energia mais sustentáveis para manter a competitividade sem comprometer a estabilidade da rede.
A Rússia ocupa o terceiro lugar, contribuindo com 4,66% para a produção global de criptomoedas. As empresas de mineração russas utilizam apenas 0,62% da capacidade elétrica nacional, equivalente a 1,33% da produção total de energia.
Este equilíbrio entre produção e consumo de energia torna a Rússia um dos jogadores mais eficientes no setor.
O Canadá ocupa o quarto lugar, com uma participação de 6,48% na taxa de hash global. Os mineradores canadianos utilizam 1,63% da capacidade elétrica nacional, o que corresponde a 3,43% da produção total de energia.
Embora o consumo seja mais elevado em comparação com outros países, o Canadá destaca-se pela adoção de tecnologias inovadoras e acesso a fontes de energia renováveis.
A Alemanha ocupa o quinto lugar, emergindo como o principal produtor europeu de criptomoedas.
Com uma participação de 3,06% na taxa de hash global, a mineração alemã destaca-se pela sua eficiência: apenas 0,48% da capacidade elétrica nacional é utilizada, equivalente a 1,99% da produção total de energia. Esta abordagem permite à Alemanha apoiar o crescimento do setor sem comprometer a estabilidade da rede.
A Malásia representa um caso único: apesar de ter uma participação relativamente modesta na taxa de hash global (2,51%), dedica quase 5% da sua produção de eletricidade à mineração de criptomoedas, um dos valores mais altos do mundo. Esta escolha estratégica visa atrair investimentos e operadores internacionais, mas também envolve riscos relacionados com a sustentabilidade da rede elétrica nacional.
Completando o top dez estão a Noruega, Austrália, Tailândia e Suécia, cada um com diferentes estratégias e níveis variados de eficiência energética. Em particular, países como a Noruega e a Suécia concentram-se em fontes renováveis para reduzir o impacto ambiental da mineração.
O relatório da ApeX Protocol destaca como a mineração de criptomoedas se tornou um setor que os governos já não podem ignorar.
O aumento da procura de energia e a necessidade de manter um equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a sustentabilidade ambiental apresentam novos desafios e oportunidades.
A capacidade de produzir grandes quantidades de criptomoeda sem comprometer a estabilidade da rede elétrica tornar-se-á cada vez mais crucial.
Países como a China e a Alemanha demonstram que é possível combinar inovação tecnológica e eficiência energética, enquanto regiões como a Malásia destacam os riscos de um crescimento excessivamente rápido e insustentável.
O mapa global da mineração de criptomoedas está em constante evolução. A liderança da China e dos Estados Unidos será desafiada por novas estratégias energéticas e pela evolução das tecnologias de mineração.
Entretanto, a eficiência energética e a capacidade de manter redes elétricas estáveis serão fatores-chave para o sucesso dos países neste setor em rápido crescimento.


