Mapa mostra rotas de migração possíveis do ancestral humano Homo erectus; imagem mostra também imagens da reconstrução do fóssil National Museum of Ethiopi Mapa mostra rotas de migração possíveis do ancestral humano Homo erectus; imagem mostra também imagens da reconstrução do fóssil National Museum of Ethiopi

Cientistas recriam digitalmente fóssil de homem com 1,5 milhão de anos de idade

2025/12/17 21:50
Mapa mostra rotas de migração possíveis do ancestral humano Homo erectus; imagem mostra também imagens da reconstrução do fóssil — Foto: National Museum of Ethiopia, National Museums of Kenya and Georgian National Museum Mapa mostra rotas de migração possíveis do ancestral humano Homo erectus; imagem mostra também imagens da reconstrução do fóssil — Foto: National Museum of Ethiopia, National Museums of Kenya and Georgian National Museum

Cientistas reconstruíram digitalmente o rosto de um fóssil de Homo erectus com cerca de 1,5 milhão de anos, descoberto na Etiópia, revelando características faciais surpreendentemente primitivas que desafiam entendimentos consolidados sobre a evolução humana. O trabalho, publicado na revista científica Nature Communications, sugere que a espécie pode ter se desenvolvido de maneira mais complexa do que se imaginava.

O fóssil, conhecido como DAN5, foi encontrado na região de Gona, no estado de Afar, na Etiópia. A pesquisa foi liderada pela paleoantropóloga Karen Baab, da Universidade Midwestern, nos Estados Unidos, conforme o site Science Daily.

Combinação inédita de traços antigos e modernos

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Cientistas reconstruíram digitalmente o rosto de um fóssil de Homo erectus — Foto: M. Rogers Cientistas reconstruíram digitalmente o rosto de um fóssil de Homo erectus — Foto: M. Rogers

O que torna essa descoberta particularmente intrigante é a combinação de características: enquanto a caixa craniana corresponde ao padrão clássico do Homo erectus, o rosto e os dentes apresentam traços muito mais arcaicos, semelhantes aos de ancestrais humanos anteriores.

"Já sabíamos que o fóssil DAN5 tinha um cérebro pequeno, mas essa nova reconstrução mostra que o rosto também é mais primitivo do que o Homo erectus africano clássico da mesma antiguidade", explicou Karen Baab. Uma possível explicação, segundo a pesquisadora, é que a população de Gona teria mantido a anatomia da população que originalmente migrou da África cerca de 300 mil anos antes.

Para reconstruir o rosto, a equipe utilizou tomografias computadorizadas de alta resolução em quatro grandes fragmentos faciais recuperados durante trabalho de campo em 2000. Os modelos digitais tridimensionais foram cuidadosamente alinhados e remontados em computador, com os dentes sendo posicionados na arcada superior sempre que possível. O processo levou aproximadamente um ano até que os pesquisadores chegassem à reconstrução final.

"Foi como um quebra-cabeça 3D extremamente complicado, e não sabíamos exatamente qual seria o resultado final. Felizmente, conhecemos como os rostos se encaixam de forma geral, então não partimos do zero", comparou Baab.

O projeto de pesquisa paleoantropológica de Gona, co-dirigido por Sileshi Semaw, do Centro Nacional de Pesquisa sobre Evolução Humana da Espanha, e Michael Rogers, da Universidade Estadual do Sul de Connecticut, produziu fósseis de hominíneos com mais de 6,3 milhões de anos, além de ferramentas de pedra que cobrem os últimos 2,6 milhões de anos da evolução humana.

Sileshi Semaw destacou que "é notável que o Homo erectus DAN5 estava fabricando tanto ferramentas de pedra Oldowan simples quanto machados de mão Acheulenses primitivos, estando entre as evidências mais antigas das duas tradições de ferramentas de pedra encontradas diretamente associadas a um fóssil de hominídeo".

Implicações para a compreensão da evolução humana

A descoberta levanta questões sobre a origem geográfica do Homo erectus. Embora a teoria predominante aponte para uma origem africana da espécie, a presença dessa combinação de traços na África, cerca de 1,5 milhão de anos atrás, abre espaço para interpretações alternativas sobre os padrões migratórios e evolutivos.

"Os fósseis mais antigos pertencentes ao Homo erectus são da África, e a nova reconstrução fóssil mostra que fósseis de transição também existiam lá, então faz sentido que essa espécie tenha surgido no continente africano. Mas o fóssil DAN5 é posterior à saída inicial da África, então outras interpretações são possíveis", ponderou Baab.

Michael Rogers concorda que o novo crânio evidencia a diversidade anatômica vista nos primeiros membros do gênero humano, característica que deve se ampliar com futuras descobertas. Yousuke Kaifu, da Universidade de Tóquio e coautor do estudo, revelou ao Science Daily: "Nunca vou esquecer o choque que senti quando a Dra. Baab me mostrou pela primeira vez o rosto e a mandíbula reconstruídos".

Próximos passos da pesquisa

A equipe pretende comparar o DAN5 com alguns dos fósseis humanos mais antigos conhecidos da Europa, incluindo restos atribuídos ao Homo erectus e ao Homo antecessor, uma espécie distinta, ambos datados de cerca de um milhão de anos atrás.

Sarah Freidline, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade da Flórida Central, afirmou que "comparar o DAN5 a esses fósseis não apenas aprofundará nossa compreensão da variabilidade facial dentro do Homo erectus, mas também lançará luz sobre como a espécie se adaptou e evoluiu".

Os pesquisadores também consideram a possibilidade de miscigenação genética entre espécies, similar ao que foi documentado posteriormente entre neandertais, humanos modernos e denisovanos. Uma hipótese é que o DAN5 poderia refletir mistura entre o Homo erectus africano clássico e a espécie anterior Homo habilis.

"Vamos precisar de vários outros fósseis datados entre um e dois milhões de anos atrás para esclarecer isso", concluiu Rogers.

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