“Motta Sai, Glauber Fica”: apoiadores do Psol protestam na Câmara

Apoiadores do deputado Glauber Braga (Psol-RJ) protestaram nesta 4ª feira (10.dez.2025) contra a cassação do mandato e a retirada à força do deputado do plenário na 3ª feira (9.dez). Na ocasião, policiais legislativos expulsaram Glauber da cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), onde o psolista protestava contra o processo de sua cassação.

A votação sobre a perda do mandato de Glauber Braga está marcada para a próxima 3ª feira no plenário da Casa. Entre os deputados que manifestaram apoio a Glauber estão Chico Alencar (Psol-RJ), Tarcísio Motta (Psol-RJ), Maria do Rosário (PT-RS), Fernanda Melchiona (Psol-RS) e Sonia Guajajara (Psol-SP).

Com gritos de “Motta Sai, Glauber Fica”, o ato reuniu cerca de 50 apoiadores do deputado. A segurança redobrada da Câmara nesta 4ª feira dificultou o acesso de mais de 20 pessoas ao ato que foi realizado dentro dos corredores da Casa. Eles protestaram do lado de fora. 

A Câmara vota nesta 4ª feira (10.dez) a cassação dos 3 congressistas. Glauber Braga é acusado de quebra de decoro por expulsar da Casa, em abril de 2024, um integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) com chutes e empurrões.

Veja fotos do ato desta 4ª feira (10.dez.2025): 

photo_5028806924778015597_y Protestantes com placas "Congresso inimigo do povo". | Poder360

photo_5028806924778015600_y Deputado Tarcísio Motta (à esq.) e Chico Alencar (à dir.). | Poder360

photo_5028806924778015601_y Deputado Tarcísio Motta (à esq.) e Chico Alencar (à dir.) criticam confusão da noite de 3ª feira (9.dez). | Poder360

photo_5028806924778015602_y Manifestantes criticam cassação do mandato do deputado Glauber Braga. | Poder360

photo_5028806924778015605_y Protestantes com a placa "Hugo Motta autoritário". | Poder360

photo_5028806924778015606_y (1) Início do ato a favor de Glauber Braga | Poder360

photo_5028672299028122480_y Deputado Glauber Braga e apoiadores durante ato. | Poder360

photo_5028672299028122479_y Glauber Braga (à dir), Sonia Guajajara (centro) e Sâmia Bonfim (à dir.)

ENTENDA O CASO

Glauber se sentou na cadeira do presidente Hugo Motta em protesto à decisão do paraibano de pautar a cassação de seu mandato. Disse que ficaria no local até o “limite” das suas forças. Motta reagiu e mandou a Polícia Legislativa tirar o psolista da Mesa Diretora. Houve resistência e empurra-empurra.

Ao mesmo tempo em que Braga ocupava a Mesa Diretora, a transmissão ao vivo da TV Câmara em seu canal no YouTube foi interrompida. Os jornalistas foram impedidos pela Polícia Legislativa de entrar no plenário, então a maioria estava aglomerada na porta, pedindo para ter acesso. Foi neste momento que teve início uma 2ª confusão.

Pouco antes de o deputado ser escoltado pela Polícia Legislativa para fora do plenário, a Polícia Legislativa avisou os jornalistas que eles teriam que “recuar”. Na sequência, um dos policiais dá a ordem: “Vamos tirar todo mundo”. Começa então o empurra-empurra.

Imagens gravadas pelos profissionais dos veículos de mídia mostram a Polícia Legislativa abrindo caminho à força entre jornalistas e outras pessoas que estavam no local. É possível ouvir gritos de “vamos abrir”, “Polícia Legislativa libera”, “calma” e “parou”.

Eis uma linha do tempo (minuto a minuto) da confusão:

• 17h50 – jornalistas são retirados do plenário e sinal da TV Câmara é cortado;
• 17h55 – jornalistas questionam a assessoria da Câmara;
• 17h59 – assessoria da Câmara autoriza a volta dos jornalistas, mas Depol não libera;
• 18h20 – Glauber Braga é retirado à força do plenário;
• 18h23 – Depol pede que imprensa libere o caminho na frente do plenário para o deputado sair;
• 18h24 – Polícia Legislativa abre caminho à força e começa a confusão.

Profissionais do Poder360 relataram que:

• a polícia empurrou um cinegrafista, que caiu no chão com seu equipamento. Ele se levantou e reagiu. Na confusão, o profissional deste jornal digital, que estava logo atrás do cinegrafista, relatou que acabou levando um soco e “chutes” que avalia ser da briga entre os 2;
• os agentes estavam tentando abrir espaço para Glauber passar colocando o braço em volta do pescoço das pessoas;
• no meio do empurra-empurra, a repórter do Poder360 levou um esbarrão que atingiu seu rosto e fez o piercing que tinha no nariz sair.

Motta afirmou que o protesto de Glauber foi um desrespeito à Câmara e ao Poder Legislativo. Sugeriu que o deputado psolista é um “extremista”. Eis o que o presidente da Câmara postou em seu perfil no X: “O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. O extremismo não tem lado porque, para o extremista, só existe um lado: o dele”.

Disse também que mandou apurar “possíveis excessos em relação à imprensa”.

OCUPAÇÃO DA MESA POR DEPUTADOS  

Glauber Rocha criticou a diferença de tratamento que recebeu ao comparar o episódio em que, em agosto, deputados como Van Hattem (Novo) e Zé Trovão (PL) ocuparam a Mesa Diretora da Câmara. Ele afirmou que, em vez de terem sido tirados à força como ele, os deputados de oposição saíram de modo pacífico após diálogo com o presidente da Câmara.

“A única coisa que eu pedi ao presidente da Câmara foi que ele tivesse 1% do tratamento para comigo que deve com aqueles que sequestraram com aqueles que sequestraram a mesma diretora da Câmara por 48 horas por dois dias”, disse Rocha.